2 de jan. de 2011

O monastério dos monges perdidos


Os monastérios costumam ser locais de aprendizagem, virtude e sabedoria, porém, em algum lugar das montanhas do sul do japão existe um monastério destoante e avesso aos demais. um local esquecido pelos homens devido às suas origens e histórias regadas a loucura, sangue e maldade.

Por causa da brevidade de sua origem e a necessidade de sigilo sobre sua existência, poucos conhecem ou se quer ouviram falar de tal monastiério, mas embora o monastério possua pouco menos de duas décadas, sua história possui mais mistério do que qualquer outros monastérios milenares. 

Conta-se que existe um mal residindo o monastério; fala-se de espíritos imundos; e até mesmo de uma maldição, mas a verdade é que por algum motivo misterioso a loucura atingiu a todos os monges que viveram neste local. Aos poucos, com o passar dos meses, os monges iam sendo alvos de pesadelos, visões enlouquecedoras, e surtos paranóicos que os levavam à violência, loucura e assassínio.

Até mesmo o meio ambiente foi afetado por esse mal residente do monastério. Não só os monges se perderam, mas os animais se tornaram agressivos e violentos, e a vegetação parece não dar mais seus frutos como antes. Essas coisas chamaram atenção até de um Ainu que nunca mais foi visto após sua investigação no local.

Entre os monges mais antigos do pais, o assunto é evitado como algo que traz azar. No meio dos Ainu do norte, o tema é assunto para debate, pois existe algum mal capaz de corromper até a natureza e que de alguma forma aniquilou a existência de um dos mais experientes espíritos guardiões da natureza.

Para se entender o que existe no monastério e a origem de tanta maldade, devemos entender algumas verdades ocultas sobre a Rebelião Shimabara. É de conhecimento comum que esta foi uma revolta de camponeses, na sua maioria cristãos entre 1637 e 1638. Foi também uma das poucas revoltas em um período relativamente pacífico, o xogunado Tokugawa.

Em meados de 1630, camponeses da Península Shimabara e Ilhas Amakusa, insatisfeitos com excessivos impostos e o sofrimento dos efeitos da fome, se revoltaram contra os seus senhores feudais. À medida que a revolta se propagava, ronins também uniam-se ao movimento. Os descontentes e samurais, bem como os camponeses, começaram a se reunir em segredo para gerar uma rebelião civil-religiosa; que eclodiu em 1637, em pleno outono, quando o daikan local (agente fiscal) Hayashi Hyōzaemon foi assassinado.

Ao mesmo tempo, outros atos rebeldes ocorreram nas ilhas Amakusa e os rebelados aumentaram rapidamente as suas fileiras, forçando outras vilas a se juntarem à insurreição sob o comando de um carismático garoto de 14 anos, Amakusa Shirō, que fora escolhido como o líder da rebelião.

A rebelião ainda contou com auxílio dos holandeses que lhes deram pólvora e canhões. Amakusa Shirō liderou 37 mil pessoas de Shimabara e Ilhas Amakusa contra a perseguição aos cristãos japoneses e as tropas enviadas pelo Xogunato Tokugawa. A rebelião só foi contida quando o governo de Edo enviou uma tropa de 120 mil samurais comandada por Matsudaira Nobutsuna, homem de confiança do xogum que massacrou os rebeldes.

Neste momento é descoberto um misterioso poder oculto agindo por tras da rebelião. De alguma forma, o jovem Amakusa Shirō exercia fascínio e controle sobre suas tropas através do uso de uma pedras mística. Essa pedra não fazia referencia a nenhum rito cristão conhecido e com o passar das investigações foi descoberto até um culto oculto dentro da seita cristã de Shimabara.

Fato é que esta pedra causou doenças a muitos soldados e os próprios oficiais foram acometidos de pesadelos sinistros e assombrações noturnas. Ninguém sabe o que realmente é esta pedra, mas ela deveria ser banida e seguindo seus conselheiros, o xogum resolveu criar um monastério santo, com monges de grande sabedoria, que seriam os zeladores deste mal.

Com pouco mais de seis meses, todos os monges estavam doentes e loucos, e novos monges eram enviados para o local, até que a situação ficou fora de controle e nenhuma força humana poderia mais conter os poderes malignos que tomaram o monastério. Com essa realidade em mente, as estradas para o monastério foram desfeitas, árvores grandes e pedras foram usadas para apagar vestígios do templo, e assim o isolamento foi iniciado. 

O xogunato ainda tenta investigar as origens místicas dessa pedra, pois seria ótimo dominar tal poder, mas enquanto nada se descobre, é melhor para todos que a pedra mística de Amakusa Shirō fique escondida, perdida sob as sombras do monastério dos monges perdidos, encoberta por loucura, insanidade e demência.

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