26 de out. de 2010

O guia do jovem samurai - parte 1


Esses dias eu encontrei um texto no RedeRpg que trazia algumas dicas para jogadores de Legend of the Five Rings (L5R). Achei o artigo muito bom, para qualquer jogador de aventuras orientais, na verdade é um dos melhores que já vi pela net. O que segue abaixo é uma seleção que fiz das partes mais interessantes e pertinentes para minha campanha Tokugawa no Densestu.
 

USOS E COSTUMES SOCIAIS

Camadas sociais:
Basicamente a sociedade é dividida em 3 categorias: seus iguais, seus superiores e seus inferiores. Iguais devem ser tratados polidamente, mas não exageradamente, a menos, é claro, que você esteja tentando ganhar o seu favor. Ser tratado como um igual por alguém que, de fato, é seu superior é uma grande honra – e mesmo assim, você deve continuar tratando-o de maneira respeitosa, pelo menos em público. Mesmo que seu lorde ou oficial superior seja também seu melhor amigo, tratá-lo como um igual na frente dos outros irá fazer com que ele perca “face”, e você será taxado como um rústico sem maneiras. 

Cumprimentos:
Se inclinar é o gesto típico tanto para saudações quanto despedidas. Os inferiores se inclinam mais acentuadamente e mais lentamente que os superiores. A forma mais formal de inclinação – geralmente utilizada na corte ou quando convocado à presença de seu lorde – é se ajoelhar e pressionar a sua testa no chão. Um samurai pode também se prostrar desta maneira ao fazer um pedido formal de desculpas, para demonstrar sua vergonha e profundo respeito por aquele que foi ofendido. 

Demonstração de emoções:
Mostrar emoções profundas em púbico não é visto com bons olhos, assim como fazer qualquer forma de barulho alto; as paredes são feitas de papel e, deste modo, mesmo que você esteja em sua casa, você poderá incomodar outras pessoas. Além disso, demonstrações de emoções vão contra os ideais estóicos do bushido. Jovens e não-bushi possuem um pouco mais de liberdade em relação a isso, mas não muita. A única exceção é quando você está se desculpando. Nestas situações é considerado polido se ruborizar, chorar ou bagunçar seus cabelos e roupas, e desta forma mostrar grande vergonha e arrependimento. 

Pronomes de tratamento:
Existem três formas polidas de se dirigir a alguém. Um igual (ou quando você desejar ser polido com um inferior) é referido como (nome da família)-san, ou (primeiro nome)-san se há muitas pessoas da mesma família presentes. Para um superior, o padrão é o mesmo exceto o sufixo que passa a ser –sama. Finalmente, um daimyo pode também ser adereçado como “tono” (lorde), ou usando o sufixo –dono após o nome da família (este sufixo também pode ser usado para qualquer pessoa de alta posição hierárquica ou digna de respeito).

Protocolo de audiências:
 Quando houver uma audiência com uma pessoa importante, haverá guardas presentes; isso não indica, necessariamente, falta de confiança, e sim simples precaução normal e preservação de “face”. Apenas membros próximos da família e o oficial principal possuem o privilégio de ver seu lorde no momento em que desejarem. E, a menos que seu daimyo tenha total confiança em você, conversas privadas estão fora de questão. Se o traiçoeiro conselheiro, que você está tentando derrubar, está logo ao lado de seu lorde todas as vezes que você está em uma audiência, você terá que aprender a lidar com isso.

ETIQUETA DAS ARMAS

Daisho:
A utilização das duas espadas (daisho) pelos samurais é um assunto amplamente discutido em vários tratados durante a história e com uma boa razão. A qualidade das espadas de um samurai e a maneira como estas são portadas são grandes pistas para descobrirmos seu status e personalidade. 

Primeiro, é importante entender que apenas samurais valorosos utilizam um daisho completo, pois isto é o mesmo que anunciar ao mundo que o usuário é um espadachim habilidoso, que não necessita de proteção em batalhas e nem de representantes em duelos; este é um enunciado que poucos não-bushi desejam fazer. 

Segundo, nem todos os daisho são reverenciados e gloriosos objetos passados de geração a geração. De fato, é bem mais provável que ele tenha sido produzido em massa pelos armeiros de seu lorde. Claro que isso não significa que os bushi irão tratar suas armas menos respeitosamente, afinal das contas a espada é a alma do samurai que a carrega. Mas a maioria dos bushi irá comprar novas espadas assim que possuírem condições para tal, retornando as antigas espadas para o arsenal. Espadas de alta qualidade também são comuns como prêmios em torneios ou como presentes, de lordes, para seus seguidores de destaque. Uma vez adquirida, esta espada de alta qualidade será orgulhosamente utilizada pelo samurai e será passada para seu herdeiro, eventualmente se tornando “a honrada lâmina de meus ancestrais”... 

Portando várias espadas:
É perfeitamente legítimo para um samurai possuir várias espadas, e a escolha de qual usar em determinada situação diz muito aos observadores mais perceptivos. Um bushi portando a espada que ele sempre carrega em batalha está dizendo “eu estou cercado de inimigos aqui” enquanto utilizar uma espada que foi recebida com um presente indica o desejo de honrar quem a deu. Claro que isso só é válido se o bushi em questão realmente possuir mais de uma espada. 

Como carregar a espada:
O modo como a espada é carregada ou embainhada também fornece pistas em relação a posição social do bushi. Bushi de pouco status utilizam suas espadas quase verticalmente em sua obi, de modo a não esbarrarem em ninguém. Aqueles de mais status

Visitantes armados:
Quando adentrando na casa de outra pessoa, convidados de menor status que seu anfitrião devem deixar suas armas na porta, a não ser que eles recebam permissão específica para portá-las (é importante salientar que permissão para portar as espadas na casa de alguém não quer dizer permissão para usá-las, se for para derramar sangue que seja feito fora da casa). 

Entregando a espada:
Quando oferecendo a espada a alguém, a lâmina deve sempre estar dirigida a você, mesmo que a espada esteja embainhada. Quando sentado, as espadas devem ser colocadas à direita, com o punho apontado em direção contrária ao anfitrião. Se elas forem colocadas à esquerda, elas são mais fáceis de se desembainhar o que indica hostilidade e suspeita, enquanto apontar o punho da espada em direção ao anfitrião pode ser interpretado como falta de respeito (se você achasse que ele é um bom espadachim, você colocaria a sua espada onde ele pudesse pegá-la?).

Sacando a espada:
A espada deve ser retirada da obi com a mão direita, usando o dedo indicador para prender a guarda da espada (tsuba é a parte que separa a lâmina do punho da espada, servindo de suporte para a mão). Usar a mão esquerda, com o polegar na ponta da guarda da espada, mostra desconfiança ou a intenção de desembainhar a espada. 

Viajantes com espadas:
Quando viajando, samurais colocam uma capa na empunhadura da espada para protegê-la. Esta capa também dificulta o ato de desembainhar a espada. Removê-la, ou não utilizá-la, é um sinal de agressão. 

Afiar, polir e tocar
Existe também um restrito protocolo que dita como a espada deve ser afiada, polida ou mostrada. Tocar a espada de outra pessoa sem permissão é um grande insulto, e pode ser a causa de um duelo. 

Protocolo da paz:
Outras armas não são cercadas pela mesma mística e tradições elaboradas do daisho, mas algumas coisas são universais. Primeiro de tudo, enquanto o daisho é também um símbolo de status, outras armas e armaduras são ferramentas de guerra. Nos períodos de paz elas devem ser mantidas em casa (sejam guardadas ou em exibição).

Quando em viagem, a menos que se esteja marchando para a batalha, as armaduras são guardadas em baús especialmente construídos para guardá-las e as armas protegidas por bainhas e capas contra a poeira. Um samurai que atende aos seus negócios diários utilizando armadura e carregando uma naginata ou tetsubo podem se ver, rapidamente, envolvidos em diversos problemas - os camponeses irão temer uma pessoa que demonstre sinal tão óbvio de violência, enquanto os guardas locais e magistrados irão ficar de olhos abertos aos movimentos desta pessoa. Sem mencionar o insulto que ele direcionará a seu anfitrião e ao lorde da província, implicando que eles não são capazes de manter a paz.

Continua....


Um comentário:

  1. Ola, muito bom o texto, só senti falta da parte final que ficou cortada no titulo Como Carregar a Espada.

    Parabéns.

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